segunda-feira, 9 de agosto de 2010

Sobre Tecnologias e Rebeldias

     Peço licença para utilizar este blog como um divulgador da minha opinião. Afinal, o que o curso de Serviço Social propõe é que sejamos críticos, então eu acredito que o primeiro alvo de nossa crítica deveria ser o processo de formação profissional, além é claro das nossas práticas enquanto cidadãos, ou seja, aquilo que realizamos dentro de nossa esfera particular, e que mesmo sendo escolha individual tem uma dimensão social e política, pois os efeitos e consequencias de nossas atitudes influenciam a todos os demais, direta ou indiretamente.
       Ao divulgar a ideia do blog em aula, vi que não foi aceita, e que valerá nota apenas se eu entregar a via impressa de tudo o que escrever aqui. Isto me deixa um tanto desapontada, pois um dos meus maiores objetivos ao produzir material didático virtual (e, no caso do blog, on-line), seria o de preservar o meio ambiente, evitando a utilização de papel. Tudo bem, sei que são apenas algumas páginas, mas se todos pensassem assim isto poderia ser um começo, não? Aliás, muitos cursos da UCS não utilizam mais a entrega de trabalhos impressos, mas todos através do Webfólio do Ucs Virtual. Sem contar a utilidade de um blog, né: enquanto um caderno ficará guardado no fundo de alguma gaveta na confusão do meu quarto, um blog poderá ser utilizado por qualquer um que pesquise sobre o assunto na internet, aprimorando, questionando, ou até contrariando o conteúdo aqui postado. Além disso, poderei acessar as postagens em qualquer lugar do mundo a qualquer hora - ao contrário do caderninho, que teria chances enormes de sumir e nunca mais ser encontrado.
       Uma das maiores queixas que eu tenho do curso de Seviço Social tem a ver com este post. Não consigo entender porque há tamanha resistência por parte de professores e acadêmicos no uso de ferramentas virtuais (como o UcsVirtual, por exemplo). Sei que talvez a realidade de muitos impossibilite o acesso contínuo à internet (como por sinal é o meu caso também, que agora por exemplo estou no laboratório da Bice digitando este texto). Mas sei lá, pra mim este desconhecimento e opção pela ignorância (por favor, não me interprete mal ao ler esta palavra, estou me referindo à escolha em não conhecer) de certas ferramentas que poderiam ser tão úteis e tão produtivas se bem utilizadas me causa certo descontentamento e, porque não, até certa revolta.
        Pois é como se o mundo fosse continuar o mesmo, e é como se fosse possível permanecer alheio a todas as transformações que estão em curso em nossa sociedade pós-moderna. Esses tempos tivemos uma palestra M-A-R-A-V-I-L-H-O-S-A sobre nanotecnologia, com uma doutora especialista no assunto, trazendo novidades e relatos dos avanços e das pesquisas que estão ocorrendo, e que podem ser encontradas na sua grande maioria apenas em artigos científicos, sendo que a maioria deles são em inglês (isto quando as pesquisas são publicadas, pois os interesses do grande capital estão em jogo e não convém que muitos saibam dos perigos desta nova tecnologia). E qual foi a reação que vi nos meus colegas de curso? Desinteresse e apatia.
    Isto sinceramente me deixou abalada. Pode parecer exagero de minha parte, mas não o é. A nanotecnologia é a próxima revolução na história da humanidade, com potenciais transformadores tão imensos que ainda não podem ser plenamente mensurados; seus perigos são, de igual forma, incalculáveis e totalmente desconhecidos. E quem investe neste sentido? Quem são os pesquisadores? Químicos, biólogos, engenheiros, farmacêuticos. Onde estão os sociólogos, os assistentes sociais, pesquisando os efeitos de tudo isso sobre a sociedade e especialmente sobre a classe trabalhadora, defendendo o direito à informação e ao acesso as tecnologias, a igualdade e a criação de uma nova realidade justa e humanitária? Se a base da ética, como foi falado durante a aula, é o trabalho, o que pode acontecer quando ele se tornar completamente desnecessário? E esta é uma realidade não muito longe de ser alcançada, mesmo com a ausência da nanotecnologia.
       Enfim, este é um desabafo de uma estudante apaixonada por novas tecnologias, que as vezes se cansa de um curso que se esmera no estudo de seu passado, mas que frequentemente esquece de olhar para o futuro. Ou eu estou completamente equivocada e até me formar irei superar tudo isso. Se for este o caso, peço encarecidamente desculpas por tudo o que escrevi.

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